Ao longo deste mês estudaremos sobre “O universo emocional de Cristo”. O retrato de Jesus nos evangelhos é de alguém sensivelmente harmonizado com suas emoções e desinibido para expressá-las. Aliás, sua estrutura emocional funcionava como antenas sensíveis que captavam e agiam de acordo com a vontade do Pai. Estudar a respeito de sua envergadura emocional certamente vai nos inspirar e curar interiormente. Afinal, queremos ser mais parecidos com Cristo também em nosso universo emocional.
Neste episódio da primeira multiplicação dos pães e peixes Jesus demonstra que era movido por uma profunda compaixão pelos pequeninos e impotentes. Três lições podem ser destacadas:
1.A fonte da compaixão de Cristo
“Quando viu uma grande multidão, teve compaixão” (v 34a – NVI). A palavra compaixão vem do grego splagchnizomai e significa ser movido pelas entranhas. Como a palavra não tem a mesma força no português, algumas traduções recorrem a expressões como “foi movido por íntima compaixão”. A palavra revela em profundidade e intensidade o impulso que Jesus tinha em favor dos necessitados. Essa atitude traduz o perfil de seu caráter refletindo com perfeição a imagem do Deus invisível (Colossenses 1.15), a exata expressão de Deus Pai (Hebreus 1.3; João 14.9). Jesus tem um coração compassivo, pois Deus é compassivo. Jesus teve compaixão como homem, pois refletiu com primor e plenitude a imagem e semelhança de Deus. Como declarou Donald Gray, “a vida de Jesus sugere que a semelhança de Deus significa alcançar uma vida compassiva. Demonstrar compaixão é ser como Deus”. A fonte de sua intensa compaixão é, portanto, o coração de Deus. Eu e você temos acesso à mesma fonte do coração do Pai. Vamos buscar com intensidade e beber dessa água.2.O alvo da compaixão de Cristo
“Porque eram como ovelhas sem pastor” (v 34b – NVI). Seus olhos estavam voltados para aquele povo perdido e oprimido. Seu alvo eram os pequeninos, indefesos, sem cuidado e sem esperança. Sua compaixão afasta-se de toda autossuficiência, arrogância, prepotência, orgulho (Salmo 18.27; 101.5; 138.6), mas tem grande prazer com o humilde e contrito de coração (Salmo 51.17; Isaías 57.15) e está atento para fortalecer e demonstrar compaixão para todo aquele que lhe dedica totalmente o coração (2 Crônicas 16.9). Eu e você igualmente somos pequenos e indefesos e dependemos desesperadamente da compaixão do Senhor. Vamos deixar todo orgulho e nos entregar integralmente a Jesus.3.Os efeitos da compaixão de Cristo
“Então começou a ensinar-lhes muitas coisas” (v 34c) Todos comeram e ficaram satisfeitos (v 42). Biblicamente compaixão significa ação (1 João 3.18). Foi isso mesmo que Cristo fez. Em primeiro lugar, ensinando de maneira amorosa. Em segundo lugar, alimentando de maneira poderosa. Eram cinco mil homens, fora mulheres e crianças. Tudo feito no poder de Deus a partir de cinco pães e dois peixes. Que grande milagre! Tudo só aconteceu porque o coração de Cristo foi movido por intensa compaixão. Sem compaixão não há milagres! Eu e você precisamos de tantos milagres em nossas vidas. Só teremos mais prodígios em nosso meio se houver compaixão em nossos corações. Nossa compaixão crescerá na medida em que adquirirmos maior consciência do quanto Deus se derramou em compaixão pelas nossas vidas.Segundo o teólogo Matthew Fox, “a definição bíblica de perfeição espiritual é ser compassivo.” Jesus foi perfeito. Jesus foi cheio de compaixão. Não somente alvo, mas Cristo quer que sejamos canais da sua compaixão. Muitos sentimentos e emoções trabalham em nosso interior bloqueando nossos impulsos de compaixão. Que o Senhor nos ministre e nos cure para que a virtude da compaixão cresça em nosso interior e flua em nossa vida
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